O segundo dia de QConSP 2014 começou com duas keynotes fantásticas. O primeiro a falar foi um membro do Jet Propulsion Lab da NASA: Rob Witoff, seguido por Jarrod Overson, que trabalha na RIOT Games (a empresa por trás de League of Legends). Depois começaram as tracks com palestras simultâneas, escolhi participar das que tinham algum relacionamento direto com desenvolvimento. Post rápido!
Building a Data Science Program at NASA/JPL with Visual Analytics
O palestrante é um data scientist que trabalha na NASA. Fez uma analogia interessante, em resumo do que minha memória permite: "uma vasta porção do nosso universo é dark matter, que nós ainda não entendemos; da mesma forma os dados que nós temos e não entendemos são dark data; podemos ter muito conhecimento interessante escondido nos nossos silos de armazenamento de dados".
Ele elencou passos importantes para explorar a dark data:
- Liberate data: consistem em liberar este dado escondido e torná-lo acessível. Eles fizeram muito nisso e tornaram vários dados acessíveis através de APIs Web públicas, i.e. torne fácil de acessar os dados, construa uma camada em cima deles, esqueça strings de conexão cabulosas para acessar os repositórios.
- Enable engineers: torne possível que as pessoas possam interagir com os dados, que eles consigam fazer o que precisa ser feito: filtrar, combinar, analisar, etc.
- Infuse data science: coloque data science em tudo isso, correlacione os dados, encontre padrões.
- Innovate: agora você já tem tudo que precisa para inovar, então vá e inove! Mostre estes dados de formas diferentes e tire conclusões sobre eles, construa camadas em cima de camadas e continue inovando.
A NASA possui um negócio bem interessante chamado "innovation vacation" que consiste em tirar "férias" para inovação. Um profissional tem uma ideia; a ideia é boa; este profissional irá tirar "férias para inovação" para construir a ideia junto com o pessoal de inovação, são no máximo duas semanas em que a pessoal fica completamente isolada do resto da empresa: sem acesso a e-mails, sem reuniões, etc; o time do palestrante faz uma espécie de coaching deste profissional durante este período; este tempo possui três "marcos" fundamentais: alinhamento, demo e entrega, i.e. é feito um alinhamento inicial da ideia e das expectativas, depois de um certo trabalho é feito uma demonstração para ver se está indo no caminho certo e no final do ciclo é feita a entrega e fim, não há adiamentos ou prolongamentos.
Dois slides desta apresentação me deixaram muito feliz, que fala como funciona a parte de inovação da NASA e que apoiam o que escrevi no post sobre otimização prematura de negócio e com alguns comentários do post sobre o primeiro dia de QCon:
- Fail fast. Iterate.
- Run like a startup
Scaling League of Legends: managing culture, extreme complexity and 30 million active users
Achei que esta apresentação seria mais técnica, mas falou do problema de escalar pessoas, processos, etc. Comentou que o quê funciona no "pequeno" não funciona no "grande". A apresentação trouxe a Web como exemplo de algo que escalou muito bem e o apresentador afirma que ela escalou porque ela precisava escalar de um jeito ou de outro e podemos aprender com ela:
- Ela precisa ser distribuída, pessoas do mundo inteiro irão acessar conteúdos espalhados por todo lugar.
- Precisa ser assíncrona e levar em consideração timezones diferentes.
- Todos são iguais, não importa se você tem doutorado ou ainda está no colégio, você tem o direito de ver e publicar conteúdo.
Ele relaciona estes pontos da Web para tornar uma empresa escalável: você precisa ter formas de comunicação assíncronas, reuniões não são escaláveis; você precisa ter uma maneira de colaboração, em que todos são ouvidos; você precisa lidar com times remotos; etc. (A parte em ênfase foi a que achei top da balada.)
Depois ele entrou mais em detalhes da parte Web, mostrando que ela passou a ser um target de compilação válido. Unity está compilando jogos para rodar na web; Asm.js está fazendo o Javascript ser mais nativo/rápido; Web Components estão aí; HTTP2.0 irá revolucionar a forma de trabalho. Achei interessante, pois depois relacionei isto com as demais apresentações e é notável de que tudo parece estar com uma perna nas tecnologias fundamentais para a Web (HTML, CSS, JS). O que me fez ver mais valor ainda em iniciativas como o Haste (compilador Haskell com target para Javascript).
Track talks
Vou tentar resumir as talks das tracks, pois não achei nenhuma que merecesse destaque.
Programação funcional reativa: Lidando com código assíncrono: Interessante, pelo menos ele falou que gosta de Haskell. Mostrou como funciona o RxJS, um framework com grande influência de FRP (Functional Reactive Programming) para Javascript.
JavaScript Funcional: Bem didática e boa abordagem, porém muito introdutório, aproveitei pouco, exceto por ter conhecido o link FunctionalTalks.org.
Uma startup em Scala: Dos patterns à produção: Muita introdução, mais do mesmo. Ver código Scala sempre me dá vontade de vomitar. É verborrágico de mais. O pessoal se gaba do type-system, mas o negócio leva décadas para compilar. Me gusta Haskell, great type system, great compilation time.
C# e C++/CX - O que há de novo nas linguagens para suportar o desenvolvimento de aplicações modernas: Esta trouxe uma visão legal da unificação que a Microsoft está fazendo em suas quatro plataformas: Smartphone, Tablet, Desktop e XBox. A interoperabilidade que ela está fazendo me pareceu fantástica: código C++/CX chamado de Javascript e vice-versa, C# no meio, novos conceitos de "aplicações modernas".
Building a Cloud IDE you might not hate: the Orion experience and beyond: Comentou sobre a construção da IDE na nuvem chamada Orion e mostrou alguns concorrentes, nada muito interessante até o momento, apenas mostra que existe um movimento forte de várias empresas e iniciativas da comunidade para uma IDE na nuvem.
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