De acordo com o índice TIOBE, em 1996 a linguagem de programação mais utilizada era C. Apenas dez anos mais tarde, em 2006, Java passou a ocupar o primeiro lugar. Por quê?
Com o baixo custo e o fácil acesso a grandes quantidades de memória, a transição de C para Java foi um reflexo natural dos programadores em busca de maneiras mais fáceis de gerenciar este recurso que crescia de maneira muito rápida.
Novamente estamos passando por uma quebra no paradigma computacional. A busca incansável por maior quantidade de ciclos é deixada de lado e da lugar à busca por paralelismo de operações e quantidade de núcleos de processamento.
As linguagens atuais estão preparadas para estas mudanças? Java ainda é bom o suficiente para manter sua hegemonia? Perguntas como estas começam a aparecer em artigos, fóruns, apresentações e congressos de nossa área.
Juntamente com estas perguntas, começa a surgir um interesse súbito por linguagens funcionais, como mostra a mensagem deste mês do índice TIOBE:
"Last month we asked ourselves the question what language could become the next big new programming language. We suggested several candidates such as Scala, Erlang and Clojure. Clearly, the new thing was expected to come from the functional programming field. A functional language not explicitly mentioned was Haskell. And this month it was Haskell that jumped from #35 to #25. Looking at the TIOBE trend graph of Haskell (starting in 2003) it shows a constant rise, with peaks in 2006, 2010 and now in 2012. This certainly sounds promising."
Todo este interesse não é preciosismo de alguns estudiosos. O paradigma funcional puro soluciona de uma forma muito suave a maioria dos problemas encontrados quando tratamos de assuntos de importância fundamental para esta nova arquitetura computacional: concorrência, paralelismo e escalabilidade.
A linguagem Haskell, por exemplo, oferece:
- Estruturas de dados persistentes: seguras para ambientes concorrentes.
- Operações que envolvem I/O são discriminadas de forma estática pelo sistema de tipos, o que gera uma cultura que preza pela pureza das bibliotecas. Garantindo escalabilidade de forma natural.
- Operações que envolvem I/O são modeladas dentro de um conceito puro (Monad), permitindo composição, backtracking, computação não determinística, etc.
- Polimorfismo aberto permite uma consolidação de uma única biblioteca e conceito, mesmo que construído de forma incompleta no primeiro release.
- Avaliação preguiçosa possibilita um melhor gerenciamento do processamento e localidade em ambientes com escalabilidade.
- Multiparadigmas para concorrência e paralelismo: locks, memória transacional, mensageria, filas, tópicos, paralelismo grátis com balanceamento de carga automático e threads baratas.
É fácil notar que Java já percebeu sua deficiência e busca soluções com as liberações novas. Neste ano será feita a liberação do Java 8 com suporte a mecanismos funcionais (projeto Lambda). A Apache decidiu não esperar pela nova versão e já têm a biblioteca Functor para tentar suprir estas necessidades. Assim também fez o Google com adições funcionais à biblioteca Guava.
Para a JVM já existem algumas linguagens tentando manter a plataforma aderente ao novo modelo de computação, por exemplo: Clojure, Groovy e Scala.
E você, está se preparando? Se você ainda não experimentou nenhuma linguagem funcional, te aconselho a ir logo conhecer o que este paradigma oferece. Seguindo o paradoxo de Blub, o ideal é começar com uma linguagem funcional pura, como Haskell, antes de avaliar linguagens como Scala que são híbridas e oferecem o paradigma tradicional.